Há 23 anos, em 25
de julho de 1992, acontecia pela primeira vez um encontro de mulheres
negras latino-americanas e caribenhas nas terras de Santo Domingo, na República
Dominicana. Foi quando instituiu-se um dia em memória a todas elas e suas
lutas. Para a professora mineira Luana Tolentino, 25 de julho é um dia para
comemorar as conquistas das mulheres negras, assim como também é um momento de
reflexão, de luta por mais direitos e de denunciar a situação de opressão e de
desvantagem em que vivem as mulheres negras, não só no Brasil, mas em toda a
América Latina e no Caribe. Na última década, é perceptível o aumento
significativo de políticas públicas em benefício de jovens, mulheres e homens
negros, como a criação da Secretaria da Igualdade Racial e o sistema de cotas.
"Ainda temos um caminho longo e tortuoso para percorrer, mas os avanços e
as mudanças ocorridas nos últimos anos me deixam bastante esperançosa de que
podemos, sim, construir um país melhor para todos nós”, aponta ela. Mesmo com a
humildade e o otimismo de quem aguarda dias mais justos, Luana pensa que a
sociedade brasileira ainda precisa passar por um processo de reeducação: “Uma
educação antirracista e antissexista, ou como nas palavras da médica e
feminista Fátima Oliveira ‘o nosso país precisa passar por uma faxina moral’”. É
necessário assumir que o Brasil é um país extremamente racista, o que ocasiona
a exclusão e a marginalização de mais da metade da população. É inaceitável que
ainda hoje as negras tenham menor escolaridade, recebam menores salários e
apresentem índices maiores de mortalidade materna, quando comparadas a mulheres
brancas.
(IG)