27 junho 2014

EDITORIAL: A leniência do legislativo pederneirense

O poder legislativo deve atuar de forma firme, sem se curvar diante dos caprichos ou das exigências por vezes desregradas de outro poder. Também não deve se deixar levar por troca de favores que costumam silenciar as vozes dos que dizem representar a vontade do povo.

A câmara municipal de Pederneiras, pela sua maioria, na sessão desta quinta-feira (26), deu uma aula de como não se deve proceder à frente de embates que podem levar o legislativo antes ao ridículo, depois ao estado de coma. Houve clara demonstração de desconhecimento das normas elementares de funcionamento da Casa por quem a dirige. Mas mais que isso, houve a escandalosa leniência (excessiva tolerância) às vontades e caprichos do prefeito.

Vetos do alcaide a projetos de lei aprovados pela unanimidade dos vereadores em duas votações foram mantidos a título não se sabe do que. De duas, uma: ou vereadores não sabem o que votam ou se arrependem na velocidade da luz, do voto que deram.  Como o vereador Chapéu desgarrou de sua bancada e acompanhou os governistas na manutenção dos vetos e na rejeição de um bom projeto que instituiria a política de controle das populações de cães e gatos no município, o mérito da resistência ficou restrito a Zezé Pegatin e Mauro Soldado.

A câmara, não se sabe por que cargas d’água, recorre a uma secretaria que tem à frente alguém que não consegue encaixar um programa ambiental sério no município, para dar “pitaco” naquilo que devem decidir soberanamente os vereadores.

Falando pela comissão de Constituição, Justiça e Redação, não se entende a razão, o vereador e presidente da câmara Ricardo de Santelmo disse que as comissões não são obrigadas a informar o dia, a hora e o local das suas reuniões. Já William, o presidente da comissão, afirmou que as deliberações não tem que ser passadas a ninguém. Verdadeiras aberrações, uma vez que o Regimento Interno da Casa prevê reuniões ordinárias das comissões na sede do poder, e que serão públicas, inclusive delas podendo participar técnicos ou pessoas em condições de proporcionar esclarecimentos sobre o assunto submetido à apreciação (artigos 82, 83, 84 e 85 do RI).

Como entender? O presidente do legislativo e o chefe do executivo desqualificam um projeto de lei autorizativo, mas acatam, elogiam e transformam em lei projeto idêntico, de autoria de vereador da bancada já carimbada por alguns como “tropa de choque do rei”.

Propor bons projetos de lei, não pode; fiscalizar o executivo, a maioria nem pensa; buscar esclarecer os canteiros de obras que não deslancham, obras que foram ou estão abandonadas e as mal construídas ou pessimamente acabadas, de jeito nenhum.

Honrosas exceções já mencionadas, a câmara municipal optou mesmo em ser uma espécie de cartório do executivo: receber, carimbar, assinar e vamos nessa!

Reginaldo Monteiro
Compartilhar:

Outras postagens

Copyright © 2025 Blog do Monteiro | Powered by Blogger
Design by SimpleWpThemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com