Estudos comprovam que as tentativas de suicídio predominam em mulheres numa proporção média de três para cada homem. Porém, quando o assunto é conseguir o objetivo de colocar fim à vida, a relação é inversa. São três homens que conseguem cometer o suicídio para cada mulher, explica o especialista José Manoel Bertolote.
“Não é que a mulher tem menos coragem. A questão é cultural. A mulher é menos violenta que o homem de modo geral. Ela comete menos crimes. É mais cuidadosa com ela mesma e se mata menos que os homens. Quando ela faz uma tentativa seus métodos são menos letais. Usam algum medicamento e tentam se matar por intoxicação. É uma forma de baixa taxa de letalidade. Já os homens se enforcam ou usam arma de fogo, métodos mais letais.”
Ele enfatiza que é importante entender a complexidade do assunto. “A diferença fundamental do ponto de vista externo é o desfecho. Um método leva a óbito e o outro não. As populações suicidas e tentativas de suicidas são muito distintas. Isso explica, em parte, porque mais mulheres tentam (aumento de 300%) e mais homens morrem (aumento de 2.000%).
De acordo com o especialista, quando se faz um estudo chamado de autópsia psicológica, verifica-se que, no suicídio consumado, a pessoa, maioria homem, tinha a intenção de por fim a vida. “Ao passo que nas tentativas, maioria mulheres, o objetivo era sair de uma situação e não exatamente a morte. Outra diferença é que os suicidas homens tendem a ter mais idade. Enquanto que as tentativas nas mulheres são de jovens.”
Ele alerta que o suicídio está associado a alguns fatores. O mais importante deles é uma doença mental grave, depressão, esquizofrenia e alcoolismo. São três doenças mentais mais fortemente associadas ao suicídio.” Essas doenças podem ser detectadas na infância. “Até pouco tempo, acreditava-se que depressão era muito rara na infância e adolescência, mas chegou-se à conclusão de que ela está presente em todas as fases da vida e que se manifesta de maneira diferente. Ela é diferente em mulher e homem, adolescente e criança. O adolescente deprimido, claro que pode ter o quadro de se isolar e chorar, mas, muitas vezes, se apresenta como um rebelde. Pode praticar atos delinquenciais. É a forma que ele tem de expressar sua tristeza.”
Por isso, orienta o especialista, é preciso avaliar as mudanças de comportamento. “Muita gente pensa que é normal na adolescência ter um comportamento diferente, mas, em alguns casos, é indicador de que algo não vai bem com essa pessoa. É preciso ver se aquilo não é uma depressão que vai aumentar o risco de tentativa de suicídio. O índice aumentou porque perdemos o controle, achamos normal e não nos aproximamos para saber o que de real está acontecendo.”
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