O
avanço do processo de cassação da chapa da presidente Dilma Rousseff e do vice
Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impôs ao governo uma nova
estratégia para tentar constranger seus adversários das eleições de 2014 cujas
prestações de contas aguardam análise da corte. A artilharia está voltada para a ex-ministra Marina
Silva (Rede) que, segundo o PT, ainda deve explicações sobre supostas
irregularidades no uso, durante a campanha, do avião que caiu em Santos (SP) em
agosto de 2014 - o presidenciável do PSB, Eduardo Campos, morreu no acidente.
Também haverá pressão para que as contas do senador Aécio Neves (MG), candidato
derrotado do PSDB, sejam analisadas o quanto antes. A Polícia Federal investiga
desde 2014 possíveis irregularidades no uso da aeronave durante a campanha
presidencial daquele ano pelo PSB, partido pelo qual Marina foi candidata. Ela
era a vice de Campos e assumiu a candidatura após a morte do governador de
Pernambuco. Um dos três donos do avião - que não havia sido declarado à Justiça
Eleitoral até a morte de Campos - é o empresário João Carlos Lyra, apontado
como "laranja" usado para ocultar a compra da aeronave, que teria
entrado na campanha como "caixa 2". Ele também é investigado na
Operação Lava Jato suspeito de agiotagem. A ideia do PT é questionar a
prestação de contas de Marina sobre o uso do jato. Colaborou para a definição
dessa estratégia o fato de Marina ter dito que o caminho para tirar Dilma da
Presidência deve ser o TSE, e não o Congresso, onde há a avaliação de que o
impeachment perdeu força. As declarações da ex-ministra foram mal recebidas
pelo governo e pelo PT. Marina disse que a corte eleitoral precisará responder
se as doações feitas à chapa de Dilma e Temer pelas empreiteiras investigadas
na Lava Jato foram pagas com recursos desviados da Petrobrás. Para o PT, se o
argumento valer para Dilma e Temer, deverá também ser aplicado no julgamento
das contas de seus adversários.
(Bol)