17 agosto 2021

Ossos de boi e fragmento de arroz: Crise reduz qualidade do prato do brasileiro

De segunda a sábado, Liane de Souza vende milho cozido com seus filhos, em frente a um açougue no centro de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. A rotina é cansativa e as vendas são imprevisíveis, principalmente neste inverno, considerado um dos mais frios no estado em quase uma década. Com o dinheiro que recebe das vendas semanalmente, a ambulante segue direto ao supermercado para comprar alimento para a família. Na lista, cabem apenas itens essenciais, como arroz, feijão e carne de frango ou porco. A carne vermelha, que Liane vê à venda no açougue atrás de sua barraca, ela afirma adquirir apenas aos domingos e só a de última qualidade. "Só quem come carne agora é quem é rico. Nós que somos pobres agora só comemos frango e porco. Um quilo de carne vermelha está R$ 40. Com R$ 40, eu compro frango para uma semana. Faz muito tempo que tenho vontade de comer um bife", disse a vendedora de milho. Segundo Liane, a carne vermelha não é o único peso de seu orçamento doméstico. O preço do gás de cozinha também está deixando as contas de casa pesadas e, pior, reduzindo o lucro de suas vendas, uma vez que o milho é cozido a gás.


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