10 setembro 2020

SUBSERVIÊNCIA: Cresce no Itamaraty repúdio à diplomacia familiar de submissão aos EUA

A aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos, em novembro, está intensificando a oposição dentro do Itamaraty ao chanceler Ernesto Araújo e sua política exterior, considerada por seus críticos subserviente ao presidente norte-americano, Donald Trump. Críticas que eram feitas nos corredores (quando eles eram ocupados) têm sido feitas mais publicamente e não apenas por diplomatas que já deixaram a ativa, como o ex-embaixador nos EUA e ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero, o mais ruidoso deles. Mais alinhado com políticos de direita, Ricupero tem se unido a antigos adversários, como o ex-chanceler petista Celso Amorim, para denunciar o que considera o desmonte da política externa brasileira e da imagem do Brasil no exterior. Esta semana, os dois se uniram em um encontro virtual pra lançar o Programa Renascença, dedicado a pensar uma diplomacia pós-Bolsonaro. Ainda na ativa, o embaixador Paulo Roberto de Almeida não guarda suas opiniões sobre o governo e o MRE após ter perdido um cargo de diretor em março do ano passado, logo após publicar em seu site artigos com críticas à postura do chanceler. “Temos hoje uma diplomacia familiar e de baixíssima qualidade”, ataca ele, em conversa com o Metrópoles. “É uma política externa caracterizada sobretudo pela ignorância, pela inépcia de pessoas amadoras que não tem nenhuma experiência de política internacional, mas se aventuram a ditar ordens para a diplomacia brasileira. Essa submissão, na linguagem dos militares, se chamava traição à pátria.”

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