Jair Bolsonaro esteve onipresente no telejornalismo em 2019. Sua
verborragia irrefreável e as polêmicas de seu governo produziram manchetes
diárias. Ele se fez a figura pública com mais visibilidade na TV. O lado
positivo está na disponibilidade de dar a cara a tapa. Raras vezes fugiu da
imprensa. Costuma atender aos repórteres todos os dias, na saída do Palácio da
Alvorada. Ainda que responda apenas o que quer, e com sua impolidez peculiar,
ganha pontos por enfrentar os jornalistas olho no olho. Nunca antes um
presidente foi tão acessível no dia a dia. Jamais um mandatário da República se
colocou tanto tempo diante de câmeras e microfones. Essa postura ofensiva de
Bolsonaro obrigou os veículos e profissionais a sair da zona de conforto.
Tiveram que se preparar melhor para enfrentar a imprevisibilidade e a
exacerbação do homem mais poderoso da Nação. O presidente implode o jornalismo
burocrático e a cobertura 'chapa branca'. Ele, sempre discordante, exige a
aplicação de uma regra básica do jornalismo profissional: a busca do
contraditório. Ou seja, ouvir o outro lado, ir além da versão oficial. Isso faz
bem à comunicação imparcial e democrática. A face negativa de Bolsonaro em
relação à imprensa está na toxicidade no trato com os repórteres. Gosta de ser
polemista, porém, refuta explicar as controvérsias suscitadas por sua gestão e
seus filhos igualmente políticos. Indiferente ao decoro do cargo que ocupa, ele
às vezes constrange, intimida, desrespeita os jornalistas. Falta razoabilidade,
sobra intolerância. Há ainda a questão do vitimismo exagerado. O presidente se
diz perseguido pelo Grupo Globo, classificado por ele como inimigo. Numa
atitude revanchista, mandou diminuir a verba publicitária do governo federal à
TV Globo, insinuou a possibilidade de dificultar a renovação da concessão do
canal e passou a privilegiar emissoras concorrentes. Atitudes mesquinhas e
incongruentes a um chefe de Estado.
01 janeiro 2020
Reginaldo Monteiro

Administrador do Blog

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