Às vésperas da votação do processo de impeachment
da presidente Dilma Rousseff, o clima tenso dos palácios e gabinetes de
Brasília ainda não atingiu avenidas e gramados da capital federal. A previsão,
no entanto, é de um grande público na Esplanada dos Ministérios no fim de
semana, quando o plenário da Câmara analisa o pedido de afastamento. Os
movimentos sociais a favor do governo saíram na frente, com um acampamento que,
até esta terça-feira, reunia duas mil pessoas numa área próxima ao Estádio Mané
Garrincha. Os grupos contrários à presidente tinham apenas 25 pessoas no seu
acampamento, montado no Parque da Cidade. Protestos, aumento de policiais e
instalação de muros e alambrados na região central, nos últimos dias, não
alteraram a rotina de uma cidade acostumada a mobilizações políticas e esquemas
especiais de segurança. Gerências de quatro hotéis de luxo e quatro de
categoria simples ouvidas pela reportagem disseram que a taxa de ocupação ao
longo desta semana está em torno de 40%, porcentual considerado normal para
este período. Os empresários esperam atingir o dobro no sábado e no domingo.
Num grande hotel próximo às residências oficiais do Jaburu e do Alvorada, a
estimativa de ocupação, no entanto, é de 46,8% - índice que leva em conta
reservas efetuadas até a tarde de segunda-feira. Movimentos de rua contra e a
favor do impeachment dizem que ocuparão totalmente os espaços que lhes foram
reservados pela Secretaria de Segurança Pública no gramado da Esplanada e na
frente do Congresso. Um muro de placas de aço foi instalado para dividir, entre
os dois grupos, a tradicional área de manifestações populares. O maior número
de pessoas previstas para acompanhar a votação deve vir de Brasília, das
cidades satélites e da Região do Entorno do Distrito Federal.
(Estadão)