No lugar de arroz, feijão e carne, biscoito e bebida láctea de morango. Em vez de macarrão com frango, nada. |
Essa é a realidade que alunos de algumas escolas do
Estado de São Paulo enfrentam na hora da merenda. Revoltados (e famintos), um
grupo de estudantes secundaristas resolveu usar as redes sociais para denunciar
a falta ou a precarização de suas merendas. No perfil "Diário da
Merenda" no Facebook e no Instagram, os próprios estudantes postam fotos
de refeições precárias ou até da chamada merenda seca: barrinhas de cereais,
bolachas, caixinhas de achocolatados. Muitas vezes, eles também fotografam o
cardápio do que estava programado para contrapor com que o de fato foi servido
e também contam como era a merenda antes. Mas as iniciativa dos alunos vêm
gerando reações contrárias. Uma estudante da Grande São Paulo, por exemplo,
teve de se explicar após publicar a foto de mesas vazias no colégio onde
estuda. A estudante, que não será identificada, contou à BBC Brasil que desde o
início do ano letivo não há merenda na escola, no período noturno. Depois que eu postei a foto, o coordenador veio falar comigo.
Falou que eu estava no meu direito, mas ficou com cara de quem não gostou. E me
disse que tinha imprimido a foto e a diretora viria falar comigo", conta.
"Mas ela nunca veio. Acho que foi mais pra me assustar. Mas eu não ligo,
fico revoltada principalmente porque eles não explicam nada, não falam por que
não tem mais merenda." A estudante conta que as refeições do período
noturno tinham "macarrão com frango ou salsicha e às vezes salada e arroz
com feijão. Mas agora, eles não estão servindo nada." O governo informou
que a merenda do colégio é preparada por uma funcionária que precisou faltar
sem aviso prévio por motivos de saúde. Durante sua ausência, segundo a
secretaria da Educação, "foi servida merenda não manipulada, com sucos,
frutas e biscoito, que contém valor nutricional e nunca deixou de ser
servido." Lilith Cristina Passos Moreira, de 15 anos, que é uma das
criadoras do grupo "Diário de Merenda", contou à BBC Brasil que
outros alunos sofreram ameaças ou represálias por postarem fotos no perfil.
"Na Zona Leste, uma diretora perseguiu um aluno que postou foto da merenda
e pediu pra ele apagar. No outro dia, quando tinha merenda completa, ela pediu
que outras alunas tirassem fotos da refeição e a elogiassem."
(BBC BRasil)