23 março 2016

PENSE NISSO: Delação premiada da Odebrecht vai pegar todo mundo



A delação premiada anunciada em nota pelo Grupo Odebrecht pode ser o último prego no caixão desse governo moribundo. A construtora está no centro das investigações da Lava Jato. Há décadas irriga os gabinetes de Brasília com dinheiro sujo. E, fazendo jus à sua origem germânica, era extremamente organizada. Mantinha, inclusive, um departamento totalmente dedicado à corrupção, desmantelado nesta terça (22) logo pela manhã. O zelo era tanto que seu principal executivo, Marcelo Odebrecht, cuidava pessoalmente dos pagamentos. "Cabeça Chata", "Galego", "Baixinho" e outros personagens encontrados na lista dos corrompidos sabem que a casa caiu.

Quando foi preso no fim do ano passado, Marcelo parecia indestrutível. Ainda era o príncipe entre os príncipes. Bilionário, acreditava que sua passagem por Curitiba seria rápida. A arrogância era tamanha que chegou a fazer uma analogia estranha entre os valores que ensinava para sua filhas e os crimes cometidos pela empresa: "Eu talvez brigasse mais com quem dedurou do que aquela que fez o fato”, afirmou, deixando evidente que era mais solidário com o malfeitor do que com o delator. O tempo passou. A liberdade não veio. E Marcelo não segurou o tranco.

A apreensão feita hoje dos arquivos da corrupção destruiu de vez qualquer desejo de permanecer calado. Marcelo já tinha sido condenado a 19 anos e quatro meses em um processo da Lava Jato. E sua pena final poderia ir muito além.

Marcelo estava sendo pressionado pelo pai Emílio, que não queria ver a empresa arrastada para o abismo. Preferiu entregar os anéis e tentar salvar o que ainda resta das mãos. Ainda não se sabe se os promotores vão aceitar a proposta do Grupo Odebrecht, mas deve ter sido uma noite longa em Brasília.

E não é só o PT que deve estar preocupado. Marcelo e seu pai conhecem profundamente os subterrâneos da política brasileira. Eles sempre quiseram ganhar dinheiro. E ajudavam financeiramente quase todos os partidos. A cor do gato nunca importou, desde que soubesse caçar ratos.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, sempre abriu as portas do seu gabinete para Emílio Odebrecht entrar. E com enorme desenvoltura. Bem que os promotores e policiais da Operação Lava Jato poderiam perguntar as razões de uma amizade tão cimentada. O País iria agradecer.

Odair Braz Junior/R7 
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