Ganhou enorme repercussão na internet o
"Desafio da Maternidade", no qual mulheres publicam fotos exaltando
os prazeres, a felicidade de ser mãe. A carioca Juliana Reis, de 25 anos,
porém, nadou contra a maré, postou uma imagem com aparência cansada,
amamentando o filho de dois meses, e criou outro desafio: "Postem fotos de
desconforto com a maternidade e relatem seus maiores medos ou suas piores
experiências para que mais mulheres saibam da realidade que passamos". Embora
o post tenha alcançado 114 mil curtidas, as críticas vieram e o perfil dela
acabou sendo denunciado e bloqueado, liberado 12 horas depois. Diretor do
programa de saúde mental da mulher do Instituto de Psiquiatria da USP; Joel
Rennó Jr. disse à Folha de S. Paulo que não se deve criar um padrão em relação
às reações da mulher no período que precede o parto. "Colocar um padrão
único para esse período acaba gerando mais prejuízo do que benefício. Você cria
a ditadura da felicidade. Gera a possibilidade de preconceito contra mães que
não se sentem alegres, inicialmente, no período do pós-parto", salientou
ao jornal paulista. "Mulheres de todos os níveis socioeconômicos procuram
tratamento tarde porque não são aceitas pela sociedade ou pela família. Sofrem
caladas, têm medo de serem crucificadas. Há pessoas que poderiam ter tido outro
destino se tivessem sido encorajadas a procurar ajuda", concluiu.
