A mãe de
santo Katia Marinho, 54, diz o que pensa sobre o ataque à sua neta de 11 anos,
motivado por intolerância religiosa: "Foi uma pedrada que atingiu uma
nação inteira", afirma. Em junho do ano passado, a neta de Katia foi
atingida por uma pedra atirada contra um grupo de oito pessoas que voltavam,
vestidas de branco, de um culto de candomblé, na Vila da Penha, zona norte do Rio
de Janeiro. A pedrada foi desferida por dois jovens que
pouco antes haviam gritado insultos ao grupo, como: "bando de macumbeiros,
vão queimar no inferno". A mãe de santo conta que a neta, hoje com 12
anos, já perdeu o medo de andar de branco pela rua e que a família não mudou a
rotina nem as celebrações religiosas por causa do ataque. A menina, diz Katia,
foi escolhida por seu orixá para ser sua sucessora e um dia irá comandar os
trabalhos no terreiro. "Se Deus quiser, os filhos de santo dela não vão
conhecer a intolerância, isso vai acabar", diz. A repercussão que o ataque
ganhou na imprensa é vista por Katia como um estímulo às mobilizações contra a
intolerância religiosa, que afeta principalmente as religiões de matriz
africana, como o candomblé e a umbanda.
(Uol)