Começar um namoro é mais difícil que
começar a escrever um texto. E ambos têm aquela coisa de desejo. Quando você
começa um texto, você já tem a idéia mais ou menos pronta na cabeça e quer ver
já pronto, mostrar para alguém a obra. Tem gente que já sabe até como
terminará, já tem o parágrafo final, a sacada genial, a piada e o desfecho
ideal à ideia. Mas, começar, saber o primeiro parágrafo e, pior, como intitulá-lo,
aí é que a coisa desanda. Para namorar é a mesma coisa.
Como alguns têm medo da palavra, do
rótulo de ‘namorados’, já vi casais que começaram pela ordem inversa: casaram,
depois noivaram, namoraram e, no final, resolveram se conhecer até, meses
depois, só ‘ficar’. Parece exagero, mas não é. E há muito casal por aí que nem
sabe que está na fase de ‘namoro’ já estando. Há que se analisar os fatos.
Você está lá, todo cheio de si numa determinada festa. Começa a tomar umas e
outras, fica todo simpático, alegre e entusiasmado. As pessoas começam a ficar
mais bonitas e você suscetível a conversas mais... mais... rasas. Até que,
aquela pessoa do sexo oposto que você lançou uns olhares no começo da festa,
também olha pra você. É aí que surge, quase que incontrolavelmente, aquela imensa
vontade de ir ao banheiro e, sabe-se lá Deus porquê, esbarrar, carinhosamente,
na pessoa.
Depois disso, começa aquele papo besta
e idiota de "você vem sempre aqui?"; "nossa, está cheio aqui
hoje, né?"; "aceita um drink?"; "Vamos dançar?";
"Está sozinha?"; "Calor hoje, ahn?". Geralmente o outro acaba, dependendo
do grau etílico, cedendo. E é aí que temos início de um pré-namoro. Sim, existe
essa coisa de pré-namorada, semi-namorada, coisa e tal.
Pré ou semi-namorada ou namorado é aquela pessoa que preenche todos os
requisitos básicos para se encabeçar um namoro, porém, ela apareceu no momento
errado na sua vida. Você está naquele momento de querer curtir os amigos e
outras amigas (!). Aí, se enroscar num relacionamento não é a coisa mais bacana
com a outra pessoa.
Mas, via de regra, o namoro começa assim mesmo, sendo pré ou semi. E, quando se
dá por conta, quando cai em si, já está namorando.
(Parte de texto extraído da crônica de Ronie Vitorino)