26 junho 2015

‘Não denunciamos nem 25%’, diz procurador da República sobre a Lava-Jato

Procurador da República, Carlos Fernando Lima revela que, um ano depois, a Lava-Jato ainda tem fôlego para denunciar empresários e políticos.

A Operação Lava-Jato já está em sua 14ª fase. Quais os próximos passos?
Nós não denunciamos ainda nem 25% (dos investigados) do esquema envolvendo as diretorias básicas da Petrobras, de Serviços e Abastecimento. Ainda temos a parte das sondas, da área internacional do (Nestor) Cerveró e (Jorge Luiz) Zelada. Temos que fechar uma investigação na área de comunicações, que teve informações prestadas pela (ex-gerente) Venina Velosa. E temos a parte de investigação que resultou na prisão do (ex-deputado) André Vargas e do (publicitário) Ricardo Hoffmann, envolvendo a comunicação da Caixa e do Ministério da Saúde. E ainda a questão do cartel em Angra 3 e algo semelhante em Belo Monte.

Como viu o pedido de habeas corpus feito ontem em favor do ex-presidente Lula?
Achei muito divertido. A peça beira a ofensa pessoal ao juiz Sérgio Moro. Coisa absurda os termos da peça. Até porque não há uma investigação envolvendo a pessoa do ex-presidente. O que temos é a investigação de diversos prestadores de serviços para as empreiteiras. Nesse âmbito, surgiu a empresa Lils, que seria do ex-presidente Lula. Mas isso não é suficiente. Entre as diversas empresas prestadoras de serviço que estão sendo investigadas está a do Lula. Agora, o método de lavagem de dinheiro é a prestação de serviços. No caso da Lils, sabemos que o ex-presidente faz palestras efetivamente.

O senhor acha que o dinheiro que o ex-presidente e o Instituto Lula recebe de empreiteiras tem algo de ilegal?
Precisamos analisar isso com cuidado. Enquanto a prestação de serviços exige contrapartida comercial, para o instituto não há efetivamente uma contrapartida, é uma doação. Então vamos precisar analisar com cuidado esses valores e as motivações que foram dadas para os pagamentos dessas doações.

As investigações agora podem chegar a nomes de novos políticos?
A investigação de políticos com foro privilegiado não é nossa. É do STF. Se aparecer algum nome de político, vamos mandar para o STF. Eu acredito que sim (que surgirão novos nomes). Sempre que apuramos novo esquema criminoso, ele revela a participação de políticos com foro privilegiado.
(O Globo)
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