O assassinato de três lideranças indígenas no Nordeste em uma
intervalo de oito dias causou preocupação aos povos que vivem na região e fez o
Cimi (Conselho Indigenista Missionário) --entidade ligada à CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil)-- levantar a hipótese de que as mortes sejam
"seletivas" e tenham relação entre si por envolver índios que se destacavam
na luta pela terra. As mortes ocorreram no Maranhão e na Bahia. A primeira
vítima foi Eusébio Ka´apor, morto no dia 26 de abril, no Maranhão.
Depois, foram assassinados Adenilson da Silva Nascimento, no dia 1º; e Gilmar
Alves da Silva, no dia 3 de maio --ambos os crimes na Bahia. "Avaliamos
que os ataques covardes não são fatos isolados. Trata-se de assassinatos
sequenciais e seletivos de líderes e integrantes de povos indígenas no
Brasil", afirmou o Cimi, que emitiu um manifesto nessa quarta-feira (6)
demonstrando preocupação e pedindo a investigação dos casos. Para o Cimi, os
assassinatos "atestam o aprofundamento do processo de violação de direitos
e de violências contra os povos indígenas no Brasil". A entidade alega que
é fundamental que os assassinos sejam identificados e punidos. Para o órgão,
três fatores principais justificariam as mortes: "Os discursos racistas
proferidos por parlamentares ruralistas do Congresso Nacional, a paralisação
dos procedimentos de demarcação e a omissão quanto à proteção das terras
indígenas por parte do governo Dilma e decisões da 2ª Turma do Supremo Tribunal
Federal (STF), que anularam atos administrativos de demarcação de terras nos
últimos meses".
(Uol)