21 setembro 2024

Está difícil respirar? Vai piorar. Brasileiros inalam a fumaça da mudança climática

Mais de 2.700 quilômetros separam o rio Madeira, no Amazonas, do rio Taquari, no Rio Grande do Sul. Não havia nada semelhante na paisagem em torno dos dois rios. Até setembro. Desde o início do mês, o horizonte ficou enevoado. O sol, vermelho. O Brasil se uniu em torno da fumaça. O cenário é resultado da maior seca registrada no país e dos maiores incêndios em mais de uma década, acentuados pelo aquecimento global. Milhões de brasileiros, em 60% do país, passaram a respirar as mudanças climáticas. A crise, que começou na região Norte, caminhou para o sul, juntando a fumaça da Amazônia à queima do Cerrado, do Pantanal e da Mata Atlântica. Essa é uma novidade da crise atual: os biomas estão pegando fogo, muito acima da média, ao mesmo tempo, algo inédito desde o início das medições. A grande nuvem das queimadas chegou ao sul do Brasil em setembro. No vale do rio Taquari, finalmente choveu. Mas a água caiu preta, suja pela fuligem carregada por milhares de quilômetros. No caminho, a nuvem escura encobriu toda a cidade de São Paulo, já acostumada à poluição urbana. A fuligem deixou a garganta dos moradores seca e os móveis sujos. A gente já está em um momento de grande vulnerabilidade ambiental", avalia a bióloga Patrícia Aguiar, presidente do Conselho de Defesa do Meio Ambiente na cidade de Arroio do Meio, no Vale do Taquari. "Ouvi pessoas surpresas: como o efeito de um incêndio tão distante pode chegar aqui? Isso só mostra a conexão direta entre biomas. Não é porque acontece longe que não irá nos atingir."

Compartilhar:

0 comments:

Postar um comentário

Copyright © Blog do Monteiro | Powered by Blogger
Design by SimpleWpThemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com