O despacho do ministro Alexandre de Moraes
autorizando as prisões e as buscas contra alvos militares é um apanhado de
fatos, costurados de maneira que não deixa muita dúvida sobre a intenção
golpista de Jair Bolsonaro e de alguns ex-assessores que compartilhavam da
intimidade do ex-presidente. Segundo a Polícia Federal, o grupo era organizado.
Parte massificava notícias falsas para desacreditar o processo eleitoral com o
objetivo de justificar a intervenção, enquanto outra parte tentava convencer os
comandantes militares a aderir à ação. É importante lembrar em que contexto
tudo isso acontece. Desde que foi eleito, Bolsonaro já falava em fraude nas
urnas. Não inventou isso depois que perdeu. Repetia à exaustão. Ele e seus
assessores desmiolados passaram, então, a planejar o que chamavam de
“contragolpe”. O verdadeiro golpe, segundo o grupo, teria sido dado pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por
setores do Congresso, pelo ministro Alexandre de Moraes, pelo PT. Nunca
encontraram provas, claro, até porque não houve nenhuma fraude. Numa segunda
etapa da paranoia, lideranças militares passaram a ser sondadas sobre o apoio
ao tal “contragolpe”, mesmo sem a prova que faltava. O debate que será travado
a partir de agora é se os fatos conhecidos caracterizam uma tentativa de golpe
ou o planejamento de um golpe que não aconteceu.
O ministro Alexandre de Moraes não tem dúvida.
Bolsonaro será preso!
(Policarpo Junior/Veja)
0 comments:
Postar um comentário