02 abril 2023

Grilagem digital: Metade de área indígena no Pará foi registrada em nome de engenheiro

O esquema de grilagem virtual une engenheiros e grileiros na apropriação ilegal de terras na Amazônia que resulta no desmatamento da floresta. A inscrição de um imóvel no Cadastro Ambiental Rural (CAR) demanda conhecimento técnico para preenchimento da documentação e uso de sistemas de projeção cartográfica dos imóveis. Em Ituna-Itatá, no Pará, 42% das fazendas que aparecem sobre a terra indígena foram cadastradas por uma única pessoa, o engenheiro Jorge Luiz Barbosa Corrêa. Conhecido de investigadores no Pará, ele foi alvo de inquéritos que apuraram manutenção de trabalhadores em condições análogas à escravidão e atuação de empresas fantasmas ligadas a esquema de venda de madeira ilegal. No início do mês, Corrêa prestou depoimento à Polícia Federal em inquérito que apura suspeita de crimes relacionados à grilagem. Localizado pelo Estadão, Corrêa afirmou desconhecer a maioria das terras registrada em seu nome. Segundo o engenheiro, alguém usou os dados dele. A terra indígena Ituna-Itatá tem 142 mil hectares, uma área quase do tamanho da cidade de São Paulo, e é habitada por comunidades que vivem em isolamento na floresta. É um dos casos mais simbólicos de avanço da grilagem porque já tem mais de 90% de sua área tomada por fazendas.

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