16 julho 2023

Brasil: 'Quem tem fome tem pressa'

Um estudo das Nações Unidas lançado na quarta-feira da semana passada trouxe de volta a discussão de um problema que há muito tempo já deveria ter sido banido das primeiras páginas dos jornais do país. Trata-se da fome no Brasil. Publicado em conjunto por cinco agências da ONU, o relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI, na sigla em inglês) mostra que o Brasil tem 20,1 milhões de pessoas — ou 9,9% da população — em estado de insegurança alimentar grave. E que um a cada três brasileiros — ou seja, 70,3 milhões de pessoas — nem sempre teve condições de se alimentar de forma adequada entre 2020 e 2022. O estudo anterior, que focou o período de 2014 a 2016, indicava que 1,9% da população brasileira — ou um total de 4 milhões de pessoas naquele momento — vivia uma situação de restrição alimentar severa. E que o atual número de pessoas em situação de insegurança alimentar moderada ou severa (os mencionados 70,3 milhões de brasileiros) corresponde hoje a quase duas vezes aos 37 milhões que viviam nessa situação no levantamento anterior. A fase de coleta de dados desta última pesquisa coincide com o período mais agudo da pandemia da covid-19 e isso, naturalmente, teve influência sobre os resultados do levantamento. Mesmo assim, ela mostra que a fome absoluta — que se reflete na taxa de desnutrição da população — está hoje numa situação melhor do que a de 20 anos atrás. Entre 2004 e 2006, a taxa de desnutrição alcançava 6,5% da população brasileira. Entre 2020 e 2022, ela foi de 4,7%. Isso significa uma redução dos 12,1 milhões de pessoas em condições de fome absoluta naquele momento para os atuais 10,1 milhões.

(Nuno Vasconcelos/IG)

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