As manifestações do
último dia 30 tiveram como principal objetivo a defesa de Sergio Moro. Em
Brasília, um enorme boneco de Super-Homem com o seu rosto foi inflado na frente
do Congresso. Símbolo da Lava-Jato, que representa um marco na história da luta
anticorrupção no país, o ex-juiz vem sofrendo sérios arranhões na imagem desde
que os diálogos entre ele e membros da força-tarefa vieram a público revelando
bastidores da operação. As conversas ocorridas no ambiente de um sistema de
comunicação privada (o Telegram) e divulgadas pelo site The Intercept Brasil
mostraram que, no papel de magistrado, Moro deixou de lado a imparcialidade e
atuou ao lado da acusação. As revelações enfraqueceram a imagem de correção
absoluta do atual ministro de Jair Bolsonaro e podem até anular sentenças. Só
uma pequena parte do material havia sido divulgada até agora — e ela foi
suficiente para causar uma enorme polêmica. Em parceria com o site, VEJA
realizou o mais completo mergulho já feito nesse conteúdo. Foram analisadas
pela reportagem 649 551 mensagens. Palavra por palavra, as comunicações
examinadas pela equipe são verdadeiras e a apuração mostra que o caso é ainda
mais grave. Moro cometeu, sim, irregularidades. Fora dos autos (e dentro do
Telegram), o atual ministro pediu à acusação que incluísse provas nos processos
que chegariam depois às suas mãos, mandou acelerar ou retardar operações e fez
pressão para que determinadas delações não andassem. Além disso, revelam os
diálogos, comportou-se como chefe do Ministério Público Federal, posição
incompatível com a neutralidade exigida de um magistrado. Na privacidade dos
chats, Moro revisou peças dos procuradores e até dava bronca neles. “O juiz
deve aplicar a lei porque na terra quem manda é a lei. A justiça só existe no
céu”, diz Eros Grau, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, falando em tese
sobre o papel de um magistrado. “Quando o juiz perde a imparcialidade, deixa de
ser juiz.”
Reginaldo Monteiro

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