Sem as
lombadas do politicamente correto, do coitadismo, do mimimi ecológico e dos
radares de velocidade, os cidadãos poderão em seu governo queimar petróleo (com
preço controlado?) pelas estradas da vida em busca da felicidade que já não
encontram nos lares onde se debate a divisão de tarefas e as escolas onde a
doutrinação corre solta. A missão de resgatar o prazer ao volante foi anunciada
em entrevista a Silvio Santos. Nela, o presidente afirmou que 8.000
solicitações para instalação de radares em rodovias federais foram negados pelo
seu ministro da Infraestrutura e que, nas estradas com equipamentos instalados,
não haverá renovação quando expirar o prazo do contrato. A intenção é
contestada na Justiça. Há um mês, a 5ª Vara Cível de Brasília cobrou estudos
que embasem a decisão do presidente – uma piada pronta tratando-se de quem
costuma atropelar o conceito de embasamento e estudos, sejam os universitários, alvos de cortes e
campanhas de demonização, sejam os estatísticos, à míngua desde que
assumiu e contestou o índice de desemprego medido pelo IBGE. No começo da
semana, aliás, dois diretores que trabalhavam na realização do Censo de 2020,
que deve ser desidratado para reduzir custos. Tanto no caso das universidades,
como dos institutos de pesquisa, o governo parece apostar que, se os problemas
da nação deixarem de ser iluminados, eles deixarão também de existir. No caso
da guerra aos radares, classificados pelo presidente e seus apoiadores de
“caça-níqueis”, as consequências podem ser imediatas. A justificativa mais
próxima do embasamento é a redução de 11% no número de acidentes e de 28% das
mortes em relação ao feriado da Semana Santa do ano passado, de acordo com
relato divulgado pela Polícia Rodoviária Federal.
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