Três delatores da Odebrecht prestaram
depoimentos na semana passada que confirmam que a empresa comprou, em 2010, um
imóvel em São Paulo que seria destinado à construção de uma nova sede do
Instituto Lula. As declarações foram feitas por Marcelo Odebrecht,
ex-presidente do grupo; Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações
institucionais; e Paulo Melo, ex-diretor-superintendente da Odebrecht
Realizações Imobiliárias. A compra do imóvel na Rua Dr. Haberbeck Brandão, nº
178, em São Paulo, é ponto central na denúncia em que o ex-presidente Lula é
acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Na última segunda-feira
(19) o juiz Sergio Moro aceitou a denúncia do Ministério Público Federal e Lula
virou réu no processo. Com essa ação, Lula tornou-se réu em cinco ações penais
–três na Operação Lava Jato, uma na Zelotes e outra na Operação Janus. Segundo
os procuradores, parte das propinas pagas pela Odebrecht em contratos da
Petrobras foi destinada para a aquisição de um terreno onde seria construída a
sede do Instituto Lula. As delações de Marcelo, Alencar e Melo confirmam que o
imóvel, que no papel foi adquirido pela DAG Construtora, foi na verdade pago
pela Odebrecht e seria destinado à construção de uma nova sede do instituto. A
ideia, segundo os delatores, era que após a Odebrecht comprar o imóvel outras
grandes empresas ajudassem a construir o prédio do Instituto Lula. Os delatores
também disseram que Lula e a ex-primeira-dama Marisa Letícia foram conhecer o
terreno, mas não gostaram do local. Marcelo Odebrecht determinou então a Paulo
Melo que procurasse outros imóveis. O projeto, no entanto, não foi para frente.
O fato de a nova sede não ter saído do papel não impediu que Moro aceitasse a
denúncia contra Lula.
(Bol)