Após mais de cinco horas de sessão do Congresso
Nacional sem conseguir completar quórum para dar prosseguimento à pauta de
votação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), encerrou a reunião.
Até mesmo membros da base do governo criticaram a ausência de parlamentares
aliados, que prejudicou a votação do projeto que libera crédito para o Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies). O governo Temer não faz os repasses ao
programa desde julho. Na pauta, constavam sete vetos presidenciais, três destaques ao texto
base da Lei de Diretrizes Orçamentária de 2017 e projetos de lei, entre eles o
que abre créditos suplementares para o Fies. Mas, com muita dificuldade de
reunir os parlamentares para cada votação, apenas cinco vetos foram apreciados.
"A oposição mais efetiva dessa noite foi feita pela base do governo, com
sua ausência", ironizou o senador de oposição Randolfe Rodrigues
(Rede-AP). A oposição operou durante toda a sessão para obstruir às votações,
mesmo alegando que era favorável ao projeto de crédito para os estudantes do
Fies. Mas com o passar das horas e a dificuldade de alcançar o número mínimo de
257 deputados para votar cada veto, ficou claro que a maior dificuldade não
estava em conter a obstrução, mas em reunir membros da base aliada. Até mesmo a
líder do governo no Congresso, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), reclamou da
ausência dos parlamentares e disse que além de líder, precisa atuar também como
"babá". "A oposição não está errada em obstruir, está no seu
direito democrático. O que não está correto é que vários líderes da base do
governo não estejam aqui para votar com seus liderados. Não há explicações que
esses parlamentares vão poder dar amanhã para os estudantes que precisam do
Fies. Não há restaurante ou sono que seja mais importante que isso", disse
Rose de Freitas. A senadora se referia às várias ironias que foram feitas
durante a sessão, em que os parlamentares disseram que os demais não estavam
presentes porque estavam em um jantar de líderes ou muito
"dorminhocos".
(Bol)