A Procuradoria da República no Distrito Federal entendeu que os atrasos
em repasses do Tesouro Nacional para o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), uma das "pedaladas" do governo Dilma
Rousseff, não foram empréstimos ilegais. A conclusão consta de despacho do
procurador Ivan Marx, no qual ele arquiva procedimento aberto para apurar se
houve crime de integrantes da equipe econômica nessas operações específicas. O
procurador ainda vai se manifestar sobre outras manobras atribuídas à gestão da
petista, inclusive os atrasos na transferência de recursos do Plano Safra para
o Banco do Brasil – um dos fundamentos formais do processo do impeachment. Ele
adianta que, nesse caso, sua posição deve ser a mesma. "Foi muito similar
(a prática) e, possivelmente, eu vá dizer que não existe (crime)." Os
argumentos do parecer coincidem com os apresentados pela defesa da presidente
afastada na Comissão Especial do Impeachment e devem reforçar o discurso dos
que apoiam a permanência dela no cargo. Recentemente, peritos nomeados pelo Senado também concluíram que Dilma
não teve participação direta ao autorizar as pedaladas, embora tenha
assinado decretos de suplementação orçamentária supostamente ilegais. À reportagem, Ivan Marx
lamentou que o Ministério Público Federal (MPF) não tenha sido ouvido no
processo de impeachment. "Quem tem atribuição de dizer se determinada
prática é crime ou improbidade é o MPF. É o único ator que não foi chamado a
depor na comissão."
(Estadão Conteúdo)