Um dia depois da votação
do impeachment na Câmara, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o
presidente nacional do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), decidiram em almoço
nesta segunda-feira, em São Paulo, que o partido não deve indicar nomes para
cargos em um eventual governo de Michel Temer em caso de confirmação de
afastamento da presidente Dilma Rousseff. Em almoço na casa do
ex-presidente, Aécio levou para discussão uma carta de "ideias e
princípios" que o partido considera fundamental para dar apoio no
Congresso ao possível novo governo. O documento já foi discutido por
governadores e será levado na próxima semana à Executiva do partido e à bancada
federal. Em seguida deverá ser apresentado a Temer, em data mais próxima do
provável afastamento de Dilma. Segundo interlocutores dos tucanos, é consenso
que Temer "não terá uma segunda chance", por isso não poderá errar na
condução da recuperação da credibilidade do país e na busca por alternativas
para a crise econômica. O partido está disposto a ajudá-lo nessa missão. Eventual
participação de José Serra (PSDB) no governo é tratada como
iniciativa individual do senador, e não moeda de troca por apoio da legenda. Os
tucanos consideram problemática a condição de eventual administração do PMDB
como de um "governo sem voto" e veem com preocupação a articulação
conduzida pelo vice-presidente por nova divisão de cargos no novo governo entre
alas de partidos mais fisiologistas, como PP e PSD.
(O Globo)