A comemoração do dia do Índio faz homenagem a
uma ampla diversidade de povos que tiveram papel fundamental na formação
cultural e étnica da população brasileira. Estando aqui muito tempo antes dos
colonizadores europeus e dos escravos africanos, a população indígena desenvolveu
uma rica cultura formada por diversos costumes, línguas e saberes que ainda se
mostram vivos no interior da sociedade brasileira.
O processo de
instalação dos índios em nosso território é compreendido a partir das teorias
que discutem a ocupação do continente americano. Segundo algumas pesquisas, os
primeiros grupos humanos que aqui chegaram eram provavelmente oriundos de
regiões da Ásia e da Oceania. Com o passar dos séculos, essas populações
pré-históricas se espalharam pela América e, consequentemente, deram origem a
uma infinidade de civilizações e culturas. Ao longo da colonização, a
relação entre os índios e os europeus foi visivelmente marcada pela lógica do
conflito. Muitos colonizadores ambicionavam explorar a mão de obra indígena
através da escravização desses povos.
Sob o aspecto cultural, os índios
sofreram um processo de aculturação promovido pela ação catequizadora dos padres
jesuítas. Durante boa parte de nossa história, o índio era visto como uma
figura “selvagem” ou “infantil” que precisava ser necessariamente “civilizada”.
Somente no século XX, algumas políticas começaram a ser implantadas no sentido
de promover a integração dos índios à sociedade brasileira. Apesar das boas
intenções percebidas nesses esforços, muitos dirigentes e representantes do
Estado não conseguiam ver uma política adequada que efetivamente respeitasse as
peculiaridades que constituem a população indígena.
Por muito tempo, o índio
foi colocado sob a tutela do governo, configurando uma espécie de “cidadão
menor”. De fato, o dia 19 de abril não serve apenas para celebrarmos a
contribuição ancestral dos índios na formação da sociedade brasileira ou a
necessidade de conservarmos a cultura indígena. Devemos primordialmente
salientar a urgente demanda de se enxergar o índio como um cidadão que tem o
direito de determinar o seu próprio destino. Não cabe à sociedade capitalista
ou aos governos orientar as escolhas desse povo que há tanto tempo aqui se
estabeleceu.
Por Rainer Sousa
Mestre em História