18 março 2016

RADICALIZAÇÃO: Com Paulista ocupada, há temor de confronto

Endereço do maior ato político da história do Brasil, quando recebeu, no domingo, entre 500 mil e 1,4 milhão de pessoas, a Avenida Paulista volta hoje a ser o centro das atenções e das tensões políticas. A via, que está parcialmente bloqueada desde a noite de quarta por manifestantes a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff e contra a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o ministério, tem programado para esta sexta-feira ato em defesa do governo. A manifestação foi convocada pela Frente Brasil Popular, que reúne mais de 60 entidades, como o PT, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e a UNE (União Nacional dos Estudantes). Segundo organizadores, o evento terá início às 16h, no vão livre do Masp, e deve reunir cerca de 200 mil pessoas. Entre elas, o prefeito da capital, Fernando Haddad (PT), e o ex-presidente Lula – que é o símbolo maior do amor e do ódio dos grupos que devem dividir hoje a avenida. O encontro, que se esperava ser evitado, agora é iminente. Embora tenha feito a solicitação para ocupar a Paulista com antecedência e tratado do assunto diretamente com a SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), a Frente Brasil Popular deverá ter a companhia dos manifestantes contrários. Revoltados com a divulgação na tarde de quarta da escuta que sugere que Dilma agiu para evitar a prisão de Lula antes que tomasse posse, esses grupos foram para a Paulista protestar quase que imediatamente. E prometem ficar. Levaram até barracas para acampar na avenida. Uma das acampantes, a empresária Lidice Teixeira, afirmou que o grupo irá desocupar a via apenas com a renúncia da presidente Dilma Rousseff. Mas e o ato de hoje? “Se eles [manifestantes pró-governo] forem sensatos, vão procurar outro lugar”, disse o comerciante Eduardo Neto, 52 anos. O problema nisso: a Frente Brasil Popular já havia informado o governo que faria o ato hoje e teria, em tese, a via reservada. A possibilidade do encontro preocupa porque pode provocar confrontos violentos em nome da política, dado o alto grau de animosidade entre os que estão contra e pró-governo. Ontem, por exemplo, duas pessoas foram agredidas, uma pela manhã e outra à tarde, porque defenderam o governo e o ex-presidente Lula. 
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