Com juros de 350,79% ao ano, em média, uma dívida feita com cartão de crédito
pode se transformar facilmente em um desastre no Brasil. Embora a falta de
planejamento e controle por parte do consumidor façam parte desse drama
financeiro, a grande questão é que não há uma regulamentação sobre o assunto.
Na prática, isso significa que os bancos e operadoras têm carta branca para
lucrar com o pequeno pedaço de plástico retangular. “Os bancos podem
fazer o que bem entenderem com a taxa de juros do rotativo do cartão. Se eles
acharem que é necessário cobrar 1000% ao ano, vão fazer”, afirma a estatística
Renata Pedro, técnica da Proteste. A comparação da integrante da entidade de
defesa ao consumidor pode parecer exagerada, mas não é: a maior taxa de
juros de cartão de crédito no Brasil está, atualmente, em 725% ao ano. Ao
mês, a taxa média do cartão de crédito brasileiro é de 13,37%, um aumento de
0,34 ponto percentual em relação a julho e o maior índice desde 1999, segundo
um levantamento divulgado nesta segunda-feira (14) pela a Anefac (Associação
Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Em
nota, a entidade atribuiu o crescimento dos juros do cartão ao cenário
econômico instável, que aumenta o risco de inadimplência. Na prática, porém,
mesmo diante de uma situação menos caótica na economia, os bancos brasileiros
praticam taxas exorbitantes para o produto. Como comparação, em janeiro
de 2014, um estudo feito pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) e a Proteste
apontava que, na época, a taxa de juros anual do cartão de crédito girava em
torno de 280,82% no país.
(Band)