A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) passará a
produzir medicamento para esclerose múltipla, doença crônica do sistema nervoso
central que atinge cerca de 35 mil pessoas no País. O acordo de transferência
de tecnologia foi assinado nesta quarta-feira, 9, entre o Merck, laboratório
que detém a patente do biofármaco Rebif, o Instituto de Tecnologia em
Imunobiológicos (Bio- Manguinhos/Fiocruz) e o laboratório privado BioNovis.
Pelo contrato, em sete anos o Bio-Manguinhos terá capacidade de produzir o
remédio. A partir de novembro, a distribuição para o SUS já será feita pelo
convênio - a previsão é de economia de US$ 8 milhões no primeiro ano e entre
US$ 27 milhões e US$ 30 milhões ao longo da transferência. A esclerose múltipla
é doença incurável que afeta cérebro, cerebelo e medula espinhal. O paciente
tem surtos desencadeados pelo processo inflamatório no sistema nervoso central
- quando o organismo "trabalha" contra a inflamação, formam-se placas
(espécie de cicatrizes, também chamadas de escleroses). Com o tempo e os
sucessivos surtos, as funções cognitivas sofrem alterações e aparecem sintomas
como rigidez nas pernas, fadiga, dificuldades na fala e para engolir. A
esclerose múltipla atinge principalmente mulheres entre 20 e 40 anos. O
medicamento que será produzido por Bio-Manguinhos, o betainterferona 1a
subcutânea (Rebif é o nome comercial), reduz os surtos. "Ele atua contra a
inflamação e as lesões no cérebro. A doença é incurável, mas se o remédio é
tomado regularmente, consegue-se diminuir os chamados surtos", explica o diretor
de Bio-Manguinhos, Artur Couto. São necessárias três doses injetáveis
semanalmente do remédio. De acordo com a Merck, cerca de 27% dos pacientes no
Brasil são tratados com o medicamento, distribuído pelo SUS desde 2001. Esse é
o quinto biofármaco - medicamento feito a partir de células vivas, produzido
por meio de transferência de tecnologia.
(Bol)