Neste ano, o Dia do Trabalho deve escancarar a divisão das pautas
de sindicatos e centrais sindicais do Brasil. De um lado, a votação da lei da
terceirização divide e, do outro, a bandeira pela derrubada de Medidas Provisórias que
alteram direitos trabalhistas unem companheiros que andavam juntos até o ano
passado. De volta à cena do tradicional 1º de Maio, o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva confirmou participação na festa da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) em São Paulo bradando contra a terceirização e
afirmando que a presidente Dilma Rousseff “vai vetar tranquilamente” a
aprovação do PL 4330. Desde 2010, o ex-presidente não comparece à celebração. Nesta
quinta-feira (30), a presidente Dilma Rousseff afirmou ser contra a
terceirização. Na votação das emendas, em 22 de abril, o homem-forte da
presidente, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi ao Congresso negociar para
que não haja diminuição da arrecadação previdenciária. Paulo Barela,
integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, a divisão da
classe trabalhadora é de interesse do governo.“Interessa ao governo, interessa
aos patrões. Favorece a classe empresarial.” Assim, a Conlutas decidiu fazer o
próprio ato na Praça da Sé (região central de São Paulo). "Vai ser menor
[do que o da CUT], mas será um ato genuíno, com as bandeiras e assuntos que
queremos debater e que interessam à causa trabalhista. Não dá para defender
interesses do governo quando esse governo é contra o trabalhador.” A volta de
Lula ao ato da CUT, na análise de Barela, é uma maneira de utilizar o carisma
do líder petista. “Focam no carisma dele para atrair a classe trabalhadora que
tem tido baixa representação pela central. Precisam capitalizar com Lula, com a
mensagem de que a CUT está ao lado dos trabalhadores, assim como o governo está.
Colar essas duas imagens não forma uma imagem verdadeira. É colar Lula nos
trabalhadores, Lula na Dilma, Dilma nos trabalhadores. É de grande cinismo. O
PT é gerenciado por trabalhadores que gostam do capital.”
(IG)