O presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), tem sido apontado como um dos pivôs da crise entre a
presidente Dilma Rousseff e sua base parlamentar. Dividiu com o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os principais momentos de tensão entre o
Congresso e o governo nos últimos meses. Mas agora, com a oficialização do
vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), como o coordenador
político do governo, Renan parece decidido a se diferenciar de Cunha, que nos
bastidores continua com armas em punho contra a presidente. Em entrevista,
Renan Calheiros classificou como “uma demonstração de ousadia” de Dilma a
escolha de Temer, pois “denota que ela está querendo dar uma virada” no
relacionamento com os aliados: “Primeiro na redução do número de ministérios,
que é a primeira consequência prática da designação de Michel Temer. Segundo,
porque é uma definitiva tentativa de aproximação com o Congresso e de
aprimoramento da própria coalizão.” O que Renan entende como “virada” na
escolha de Temer é o fato de Dilma ter vencido as resistências do PT para a
inclusão do PMDB no núcleo de decisões do governo. Vale lembrar que foi
anunciada a transferência para Temer de todas as atribuições da Secretaria de
Relações Institucionais. Entre as principais atribuições desta Secretaria
(também chamada de Secretaria de Coordenação Política) está o levantamento e a
distribuição dos cargos de segundo escalão do governo. Com Temer comandando-a,
será difícil para o PT armar barreiras contra o quinhão dos partidos aliados
nos cargos do Executivo.
(IG)