17 fevereiro 2015

HISTÓRIA: Cidade destruída para evitar contato de brancos e negros

Sophiatown, no subúrbio de Johannesburgo, era conhecida pelo estilo de vida boêmio e por seu destaque no cenário da música. Mas há 60 anos, o governo da África do Sul decidiu acabar com o bairro multirracial e transformá-lo em uma área exclusiva para brancos. Certa manhã, os sons dos cascos dos cavalos e os gritos dos policiais acordaram Victor Mokine, então com dez anos de idade. Isso aconteceu em fevereiro de 1955. Mokine vivia com sua família em Sophiatown, lar de 65 mil pessoas – negros, brancos, mestiços, chineses e indianos. "Eu vi policiais a cavalo no nosso quintal. Nossos pais nos disseram para ficar dentro de casa porque pensaram que haveria violência", afirmou. "Eles estavam armados com fuzis, pistolas e alguns com metralhadoras. Podíamos ouvir o barulho dos caminhões que chegavam para carregar os pertences das pessoas." Os moradores de Sophiatown haviam sido avisados de que teriam que se mudar para outro local a 16 quilômetros de distância. Mas para minar qualquer tentativa de resistência, as autoridades chegaram três dias mais cedo que o planejado, enquanto ainda estava escuro, pegando os moradores despreparados. Quando Mokine e sua família saíram à rua, eles perceberam que havia mais de 2 mil policiais no bairro. Sophiatown era uma das poucas áreas na África do Sul em que naquele momento pessoas negras tinham o direto de possuir terras. Mas o governo usou uma legislação que obrigava diferentes grupos raciais a viver separadamente para reforçar a política de segregação. As autoridades haviam decidido que a população de Sophiatown deveria ser transferida para um local chamado Meadowlands depois que residentes de subúrbios brancos vizinhos pressionaram por sua remoção.
(Último Segundo)
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