Aprecio orbitar ao redor das invenções que ainda
estão por nascer, porque ao prefaciar a descoberta também é possível se
misturar a ela. E ainda que não seja algo transformador, mas apenas um
facilitador de tarefas desimportantes, ou até mesmo uma ferramenta para o
reconhecimento de banalidades, a criação por si já é um milagre com a
inquietação entranhada em sua arquitetura. E a
inquietação faz parte do desabono da certeza. Portanto, sustenta a liberdade.
Liberdade é essa coisa-sentimento e de direito, que
nos permite ser sem amarras. Há pessoas que acabam sendo invenções próprias,
transformando a si em personas, projetos de quem gostariam de parecer aos
olhares alheios. Porém, a sua essência se inquieta, mostrando-se mais forte do
que o personagem imaginaria. E às vezes ela escapa num suspiro, todos a sua
volta param para escutar tal sinfonia. Na
inquietação moram as possibilidades.
Possibilidade é coisa que até pode cair do céu, mas
vez ou outra, e nem sempre nas nossas cabeças. Em alguns casos, necessitam de
um cultivo que requer dedicação e muito trabalho. Elas não pipocam - faceiras e
fáceis -, mas podem transformar as nossas vidas como se fossem mágicos tirando
surpresas da cartola, tornando tudo mais colorido, repleto de nuances, ritmado,
fazendo bagunça dentro da gente. A
inquietação nos conduz a novos caminhos...
Carla Dias