Uma forma de protesto inusitada tem se mostrado cada vez mais
efetiva no Paraguai: a crucificação. E foi por meio dela que o governo do país
concordou, nesta terça-feira (6), em se encontrar com ex-trabalhadores que
exigem compensações financeiras por obras feitas na construção da Usina
Hidrelétrica de Itaipu, entre os anos de 1974 e 1996. Ao longo de
semanas, quatro homens e uma mulher tem ficado pregados a cruzes de madeira em
frente à Embaixada do Brasil no Paraguai – a hidrelétrica, uma das maiores
do mundo, é compartilhada pelos dois países. Uma sexta pessoa ainda seria
submetida ao ato nesta terça-feira, mas ela voltou atrás após o ministro do
Trabalho do país concordar em se encontrar com os insatisfeitos. A reunião
ocorrerá em 26 de janeiro. Apesar disso, os cinco crucificados permanecerão
como estão até que o grupo tenha suas demandas atendidas, diz o organizador do
ato, Carlos Gonzalez. Ele afirma ainda que ao menos 20 pessoas estão preparadas
para novas crucificações. "Estamos massageando os braços, músculos e
costas dos que já estão nas cruzes para garantir que o sangue siga
fluindo", explicou Gonzalez. O grupo afirma que cerca de nove mil
trabalhadores precisam receber aproximadamente US$ 40 mil por serviços
prestados ao longo dos 22 anos da obra, além de outros benefícios. Por meio de
seu porta-voz, Abel Gimenez, Itaipu rechaça ter responsabilidade pelas dívidas,
pois os trabalhadores foram contratados por empresas de construção terceirizadas.
(Último Segundo)