Ao
aprofundar a apuração sobre o cartel do Metrô de São Paulo, os promotores e os
procuradores envolvidos nas investigações descobriram que as movimentações
financeiras do esquema percorreram o mundo. Foram detectadas transações
suspeitas em seis países, além do Brasil. Por meio delas, circulou o dinheiro
de multinacionais e de lobistas, destinado a pagar propina a agentes públicos
de estatais paulistas. Mediante suborno, empresas – como a francesa Alstom ou a
alemã Siemens – obtiveram contratos superfaturados em 30% para fornecer trens e
equipamentos ao Metrô de São Paulo e à Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM). Um prejuízo estimado em R$ 834 milhões aos cofres
públicos. Na trilha desse dinheiro, a investigação chegará, em breve, a um novo
e decisivo destino: o Uruguai. Em janeiro, uma força-tarefa desembarcará em
Montevidéu. Os integrantes do Ministério Público de São Paulo e do Ministério
Público Federal terão acesso a uma leva de documentos por meio da cooperação
com as autoridades locais. Entre eles, estão movimentações bancárias no país.
Duas delas são consideradas chave para elucidar uma incógnita das
investigações: se há corruptores, quem são os corrompidos? É o que devem
responder os extratos das contas usadas pelo lobista Arthur Teixeira e seus
representantes no Uruguai, Nicolas Juan Alonso e Roberto Diego Licio. Segundo
informações preliminares, nelas ingressou dinheiro das multinacionais, e delas
saiu pagamento de propina.
(Época)