O último
réu do julgamento do Massacre do Carandiru foi condenado, na madrugada desta
quarta-feira (10), a 624 anos de prisão em regime fechado. A pena foi aplicada
ao ex-policial militar Cirineu Carlos Letang Silva pela morte de 52 detentos
que estavam no terceiro pavimento do Pavilhão 9 do complexo penitenciário. O
fato ocorreu no dia 2 de outubro de 1992, quando uma operação policial para
reprimir uma rebelião resultou na morte de 111 presos. Letang já está preso,
condenado anteriormente pela morte de cinco travestis. Por envolver grande
número de réus e de vítimas, o julgamento do Carandiru foi desmembrado em
quatro etapas, de acordo com o que ocorreu em cada um dos quatro pavimentos da
casa de detenção. Os 25 policiais que também atuaram no terceiro pavimento
foram condenados em agosto do ano passado, com a mesma pena. Inicialmente, eles
seriam julgados por 73 homicídios, mas o Ministério Público entendeu que não houve
participação deles em 21 desses casos. A separação do júri ocorreu porque a
defesa de Letang solicitou à Justiça que fosse feito um exame de sanidade
mental antes do julgamento. O julgamento dele ficou suspenso e foi desmembrado.
De acordo com o promotor Daniel Tosta, do 2º Tribunal do Júri de São Paulo, o laudo
médico, concluído há cerca de um mês, revelou que ele tinha uma personalidade
paranoica, mas que pode ser responsabilizado. “À época dos fatos, ele tinha
conhecimento da ilicitude dos atos que estava praticando, mas não toda a
consciência”, declarou.
(IG)