Nestes tempos em que não é correto ser politicamente incorreto, um
evento, marcado para o próximo dia 30, na orla da efervescente Ipanema, pode
deixar um rastro de polêmica. É lá que acontecerá a Pequena Grande Marcha do
Orgulho Hétero, organizada por um grupo de cerca de 20 amigos, entre homens e
mulheres, assumidamente heterossexuais. A promessa dos organizadores da marcha,
antecipada pelo blog da Lu Lacerda, é de que tudo não passa de uma grande
brincadeira, sem qualquer cunho homofóbico. Apenas, segundo dizem, os héteros
estão virando minoria. “Não é um evento homofóbico ou preconceituoso. Apenas
achamos que hoje o lobby gay é muito forte e os héteros estão acabando. Todo
mundo sai do armário, mas do meu só sai roupa”, diz o empresário Durval
Azevedo, um dos idealizadores da parada, que está sendo organizada por Nélson
Couto, integrante da Confraria do Garoto. Recentemente, ao falar da parada,
Couto argumentou que o problema é que os héteros estão ficando sem espaço:
“Estamos preocupados com a concorrência desleal e com nosso risco de extinção”.
A parada hétero, que partirá do Posto 10, começou a ser idealizada, segundo Azevedo,
há seis meses, num restaurante da Rua Farme de Amoedo, região muito frequentada
por gays. Os organizadores dizem, entre outras coisas, que, durante o trajeto,
“não vai ser permitido o consumo nem de Fanta Uva nem de Fanta Laranja.” A
expectativa é reunir cerca de cem pessoas. Embora o grupo organizador da
Pequena Grande Marcha do Orgulho Hétero jure de pés juntos não se tratar de uma
manifestação preconceituosa, Marcelle Esteves, vice-presidente do grupo
Arco-Íris, que organiza a Parada LGBT do Orgulho Gay no Rio (marcada para o
próximo dia 16 na orla de Copacabana), não acha tão engraçado assim e se
preocupa.
(O Globo)