Na zona leste de São Paulo, uma ocupação reúne 3,5 mil famílias
a cerca de quatro quilômetros do Itaquerão, palco da abertura da Copa do Mundo.
No extremo sul da capital paulista, o bairro Marsilac, distante cerca de 60
quilômetros do centro da capital, abriga 2,5 mil famílias. Os dois pontos têm
em comum o exemplo - e trabalho - da população para suprir necessidades básicas
que deveriam ser fornecidas pelo Estado. Após reiterados e frustrados pedidos
ao poder público, os moradores dessas comunidades implantaram, por conta
própria, uma linha de ônibus e uma Virada Cultural, em Marsilac, e um posto de
saúde comunitário na ocupação batizada de Copa do Povo. Segundo Heitor Pasquim,
militante do Fórum Popular de Saúde, entidade que visa a promoção da saúde nas
periferias, a ideia do posto popular na Copa do Povo, promovida pelo Movimento
dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), surgiu após os moradores verem negadas as
revindicações para a implantação de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no Jardim
Helian, onde fica a ocupação. “São 30 anos pedindo uma UBS. Essa luta é antiga
e sólida. A gente tentou nestes anos todos um diálogo com o governo. Todos os
prefeitos prometeram e nenhum fez”, diz Pasquim. O posto de saúde popular,
inaugurado no dia 18 de maio, foi erguido, assim como as barracas do local, com
uma lona de plástico em estrutura de bambu. Ao lado foi criada uma horta
medicinal com plantas como hortelã, capim-santo, losna e erva cidreira. “A
horta medicinal foi feita com mudas que os próprios acampados levaram. O que a
gente fez foi discutir com eles a sistematização e os conhecimentos sobre as
plantas”, diz Pasquim.
(Último Segundo)
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