Era uma quarta-feira de outubro, quando J., 40 anos, proprietária de um bar e lanchonete em São Miguel, na zona leste de São Paulo, recebeu um recado de um vizinho, também comerciante. A ordem, supostamente dada por criminosos, era clara: todos deveriam baixar as portas mais cedo. J., que costuma fechar o estabelecimento por volta das 23h, não questionou. A exemplo de outros comerciantes, obedeceu ao que determinava o aviso. Naquele dia, encerrou as atividades às 19h.
A história de J. está longe de ser caso isolado. Denúncias de “toque de recolher” voltaram a aparecer desde que o Estado de São Paulo passou a viver uma nova onda de violência, cujo pavio foi aceso no fim de maio, após a ação da Rota que terminou com seis mortos na zona leste. Os relatos passaram a se multiplicar à medida que a criminalidade no Estado se agravava, sobretudo nos últimos dois meses.
Se por um lado o poder público nega, categoricamente, a existência desse tipo de coação, por outro, uma parcela da população não esconde que se sente ameaçada e, na dúvida, acaba se submetendo ao que entende ser uma “ordem do crime”.
(Band)
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