28 setembro 2011

Uma e outra (Ninguém)

Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem. Caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo à porta.

O amor – penso - não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.

Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, se veste bem e é fã do Caetano Veloso. Isso são apenas referências.

Ama-se, creio, pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que a pessoa dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.

Ama-se aquela pessoa petulante. Escreve-se dúzias de correspondências que a pessoa não respondeu. Se deu flores, foi deixada à seco. Um pessoa gosta de rock e a outra de chorinho; se uma gosta de praia, a outra pode ter alergia a sol; uma abomina Natal e a outra detesta o Ano Novo. Nem no ódio se combinam.

Então?

Amar não requer conhecimento prévio, nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível.

Honestos existem aos milhares; generosos têm às pencas; bons pais de família está assim, ó!

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da nossa vida é. Pensemos nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.


Reginaldo Monteiro
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