O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF),
determinou nesta sexta-feira (24) o envio para a Justiça Federal de Brasília de
denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela suposta
tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró.
Também são alvos da mesma denúncia o senador cassado Delcídio do Amaral, o
banqueiro André Esteves e outras quatro pessoas. Os sete são
acusados de obstrução à Justiça, por suposta tentativa de
atrapalhar a delação de Cerveró na Operação Lava Jato. Procurada, a defesa de
Lula informou que não vai se manifestar sobre a decisão. Para Teori Zavascki,
"tais fatos não possuem relação de pertinência imediata com as demais
investigações relacionadas às fraudes no 'ambito da Petrobras'". Por isso,
ele entendeu que deve ser considerado o local onde o suposto crime foi
consumado, em Brasília. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu
ao Supremo que o caso fosse remetido para o juiz Sérgio Moro, responsável pela
Lava Jato no Paraná, por entender que havia conexão dos fatos com o esquema de
corrupção na Petrobras. Segundo Janot, alguns dos denunciados, como o
empresário José Carlos Bumlai, o filho dele Maurício Bumlai e o próprio Cerveró
já são alvos de processo no Paraná. Advogados de defesa dos acusados, no
entanto, contestaram o pedido de envio ao Paraná. O banqueiro André Esteves, um
dos denunciados, argumentou que o suposto crime foi cometido em Brasília. Já o
ex-presidente Lula afirmou que o caso deveria ir para Justiça Federal de São
Paulo porque fatos narrados ocorreram naquele estado. O ministro Teori Zavascki
reconheceu que o que permitia que o inquérito seguisse no Supremo era o foro
privilegiado de Delcídio. Mas, depois que ele foi cassado, o caso deve
continuar na primeira instância, frisou o ministro.
(globo.com)