Bem fez o general Augusto
Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da presidência da
República à época do governo Bolsonaro: ao invés de responder às perguntas dos
inquisidores, preferiu responder apenas às do seu advogado. Bolsonaro falou em
demasia e por isso se deu mal no depoimento prestado ontem. A ponto do seu
advogado se ver forçado a repetir perguntas feitas pelo ministro Alexandre de
Moraes depois de adverti-lo para as respondessem na base do sim ou não. Encantado
com a própria voz e mais preocupado com o público externo ao tribunal do que
com o público interno, Bolsonaro confirmou todas as suspeitas, por sinal
amparadas em provas, de que o Brasil esteve à beira de um golpe em dezembro de
2022. Admitiu, por exemplo, com a maior naturalidade do mundo, que se reuniu
com comandantes das Forças Armadas para discutir a minuta do golpe. Ela previa
a decretação do Estado de Sítio e da Garantia da Lei e da Ordem para impedir a
posse de Lula. Por que o golpe não foi adiante? Porque “não havia clima”,
afirmou Bolsonaro. Traduzindo: porque faltou o apoio das Forças Armadas. Em sua
campanha à reeleição, ao falar sobre seu encontro com uma menina de 14 anos,
Bolsonaro disse que “pintou um clima”. Teve que entubar a derrota, portanto.
Mas pelo menos escapou à vaia. Foi esse o presidente que a maioria dos
brasileiros elegeu em 2018 e que por pouco não se reelegeu em 2022. Um
desqualificado, uma figura patética, vergonhosa, que não escapará à prisão.
(Blog do Noblat)
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