Era uma vez a terra das oportunidades, que, em nome da liberdade, calou
a ciência. Sob a batuta de Donald Trump, o NIH (Instituto Nacional de Saúde nos
Estados Unidos), epicentro mundial de pesquisas biomédicas, transformou-se em
palco de medidas que parecem saídas de um roteiro distópico. Pesquisadores
foram proibidos de viajar, palestrar ou até mencionar sua profissão – porque,
aparentemente, cientistas são subversivos perigosos.
Mas o espetáculo de horror não para por aí. Entre as medidas mais
assombrosas, está a instituição de um sistema de delações entre pesquisadores.
A ordem é clara: se alguém ousar manter programas de diversidade ou usar
“linguagem codificada” para esconder tais iniciativas, é hora de reportar. Caso
contrário, as consequências podem ser severas.
Esse ambiente, que mais lembra uma caça às bruxas, tem provocado um
efeito paralisante. Conferências canceladas, pesquisas interrompidas e
cientistas temendo pela renovação de seus vistos. Até mesmo ensaios clínicos em
andamento – que poderiam salvar vidas – estão ameaçados pela burocracia.
A ironia é escancarada: o país que se gaba de premiar o mérito, agora
desmantela programas de inclusão e marginaliza a ciência em nome de uma suposta
moralidade. Enquanto isso, o atraso na liberação de fundos e na condução de
projetos compromete avanços no tratamento de doenças como câncer, diabetes,
entre outras – tudo em nome de uma agenda que subestima a inteligência
coletiva.
A delação, antes associada a regimes autoritários, basta lembrar do
fascismo e do nazismo, agora veste o jaleco branco ou variações do tipo. E o
preço dessa política não é apenas a erosão da confiança entre cientistas, mas a
estagnação de avanços que poderiam beneficiar toda a humanidade. Num cenário
desses, cabe perguntar: quem será o próximo a ser silenciado? Escreva e leia
enquanto há tempo!
(Por Lucindo Quintans-Júnior)
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