A tentativa fracassada de golpe ou quartelada na
Bolívia por militares incapazes de viver sob as balizas de um governo civil
democraticamente eleito lembra que nossa América Latina segue terreno fértil
para insurreições de bandidos que querem se esconder atrás de fardas
verde-oliva. E mostra que o discurso usado por eles não encontra fronteiras,
vale para La Paz ou para Brasília.
Comandados pelo general Juan José Zúñiga, que havia
sido destituído de seu cargo ontem, militares tomaram a região do palácio
presidencial e chegaram a invadir o prédio nesta quarta (26). Brandem um
discurso bizarro de tutela das instituições. Imagens de tropas e blindados
circulam nas redes. O presidente Luis Arce ordenou que as tropas se
desmobilizem. O ex-presidente Evo Morales falou de um golpe de estado em
gestação e convocou uma "mobilização nacional pela democracia".
Por mais que eles voltem às casernas, não dá para
dizer que isso deu em nada. O que houve foi um espancamento da Constituição
boliviana por quem deveria proteger a pátria.
As ameaças são semelhantes àquelas vociferadas
durante anos por um certo ex-capitão indisciplinado que se tornou presidente,
fomentando a suspeita sobre as instituições, colocando-se como mediador da
vontade popular e como líder incondicional das Forças Armadas. Não à toa, ele
usava sempre o exemplo de Añez para exemplificar o que poderia acontecer com
ele e seu grupo.
Bolsonaro atacou as urnas eletrônicas com a ajuda dos militares ao longo de anos. E, em novembro de 2022, os comandantes das três forças soltaram uma nota com uma falácia absurda, apontando que o fato de não terem encontrado problemas nas urnas não significava que eles não existiam.
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