22 julho 2021

Submisso ao centrão: Bolsonaro tornou-se um semipresidente

De seu posto, no Gabinete de Segurança Institucional, o general Augusto Heleno observa em silêncio as mudanças operadas pelo presidente Jair Bolsonaro. Heleno nunca mais foi visto cantarolando, como fez há quase três anos ao adaptar o refrão do samba "Reunião de bacana", que falava de ladrões, e soltar a voz: "Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão...".A mudez atual é compreensível: aquele grupo político que Bolsonaro, seus generais e os fanáticos olavistas apontavam como a nata do fisiologismo é hoje quem manda na República. O espaço que faltava ser ocupado pelo centrão foi ofertado ontem de bom grado pelo presidente ao senador Ciro Nogueira (PP-PI), que deverá assumir a Casa Civil. Na pressa em fazer a mudança, Bolsonaro nem teve a cortesia de avisar com antecedência ao general Luiz Eduardo Ramos, ocupante da pasta, que ele seria defenestrado. "Eu não sabia. Fui atropelado por um trem", admitiu o general à jornalista Eliane Cantanhede, do Estado de S. Paulo. Apesar de estar "em choque", Ramos usa a lógica militar para manter-se fiel, mesmo que o presidente não lhe tenha fidelidade alguma. "Soldado não escolhe missão. Se ele me der outra no governo, eu aceito".

(Chico Alves – colunista da UOL)


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