Houve
um tempo, já faz muito tempo, em que muito jornalista da área política neste
país dava a si próprio a obrigação de ler, reler e entender o Almanaque
do Exército. Era importante;
quem tinha a capacidade de decifrar aquela maçaroca toda de nomes, datas,
estrelas, patentes, medalhas e sabe lá Deus o que mais — uma coisa árida,
misteriosa e pouco amigável — recebia a qualificação de “bem informado” e,
portanto, capaz de compreender o que estava acontecendo no governo e no Brasil.
Nunca ficou claro, no fim das contas, para o que essas informações realmente
serviam, mas o especialista em “almanaque” era um sujeito levado altamente a
sério. “Fulano sabe tudo do Almanaque”,
dizia-se, com respeito e reverência, nas redações. Hoje a maioria dos
jornalistas nem sabe que existe um Almanaque do Exército e, se por acaso sabe, não acha vantagem
nenhuma — porque, muito simplesmente, o Almanaque não
serve para mais nada. O presidente Jair Bolsonaro,
obviamente, não quis mais saber do seu ministro da Defesa e dos chefes das três
forças — cansou de olhar para o lado deles, buscando apoio contra os inimigos
do seu governo, e ver que não havia ninguém em casa. Os comandantes, por sua
vez, deixaram mais do que claro que não querem dar nem sequer uma volta no
quarteirão para ajudar o presidente a reforçar a sua autoridade. A tese
preferida na oposição, junto aos professores de ciência política e entre os
economistas de centro-esquerda, é que Bolsonaro queria dar algum tipo de
“autogolpe” e que os “militares” se recusaram a participar, em obediência às
suas convicções democráticas. Disso estaria resultando uma crise política
descomunal — e essa crise, além do mais, poderia dar ruim para o presidente,
pois a “tropa”, indignada com as ameaças à democracia por parte do governo,
iria tomar alguma providência.
04 abril 2021
Reginaldo Monteiro

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