A revelação de novas conversas entre
procuradores da força-tarefa da Lava Jato na segunda-feira (22) e, também, na sexta-feira (26), colocaram em xeque, mais uma vez,
a imparcialidade da operação que ganhou o apelido de Vaza Jato, devido ao
vazamento de conversas - realizadas através do aplicativo Telegram - entre o
ex-juiz Sérgio Moro, o promotor Deltan Dallagnol e outros integrantes da
força-tarefa. No caso específico da divulgação feita na segunda-feira, a defesa
do ex-presidente Lula - que teve acesso à
leva de mensagens apreendidas pela Operação Spoofing - enviou ao Supremo
Tribunal Federal (STF) uma manifestação que mostra que, em 2016, os
procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior tiveram conhecimento de
que a "Delegada Érika", figura atribuída a Érika Marena , delegada da Polícia
Federal, forjou um depoimento durante a operação. Mas não a denunciaram. "Como
expõe a Érika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento
como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu
nada..." , diz trecho de um dos diálogos descobertos na Operação. O teor
das mensagens mostram que, em vez de denunciá-la, os procuradores agiram para
encobrir o crime de falso testemunho. Érika, a convite de Sergio Moro,
trabalhou no Ministério da Justiça até ele pedir demissão. O advogado
criminalista Augusto de Arruda Botelho considera como "gravíssimo" o
teor das conversas que foram reveladas. "Há uma série de possíveis crimes
cometidos por todos os atores dessa conversa: fraude processual, falsidade
documental, falsidade ideológica dentre outros", afirma. Apesar de
apontar os acertos da operação, que "desnudou um esquema de corrupção que
precisava ser desnudado", Augusto diz que a divulgação deste trecho põe
mais uma vez a operação "em xeque". "É uma conversa extremamente
grave, pois revela a prática de crimes e, mais do que isso, coloca mais uma vez
em xeque toda uma operação policial, que agora parece estar maculada em todos
os âmbitos, no policial, porque há prova de investigação sendo produzida; da
acusação, do Ministério Público, que ciente disso não toma providência nenhuma,
pelo contrário, faz uso dessa prova; e dentro do próprio judiciário, que de
forma declaradamente parcial julgou uma série de casos de maneira
suspeita".
27 fevereiro 2021
Reginaldo Monteiro

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