27 fevereiro 2021

"Vaza Jato": Especialistas avaliam desdobramento político de depoimento forjado

A revelação de novas conversas entre procuradores da força-tarefa da Lava Jato na segunda-feira (22)  e, também, na sexta-feira (26), colocaram em xeque, mais uma vez, a imparcialidade da operação que ganhou o apelido de Vaza Jato, devido ao vazamento de conversas - realizadas através do aplicativo Telegram - entre o ex-juiz Sérgio Moro, o promotor Deltan Dallagnol e outros integrantes da força-tarefa. No caso específico da divulgação feita na segunda-feira, a defesa do ex-presidente Lula  - que teve acesso à leva de mensagens apreendidas pela Operação Spoofing - enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação que mostra que, em 2016, os procuradores Deltan Dallagnol e Orlando Martello Júnior tiveram conhecimento de que a "Delegada Érika", figura atribuída a Érika Marena , delegada da Polícia Federal, forjou um depoimento durante a operação. Mas não a denunciaram. "Como expõe a Érika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada..." , diz trecho de um dos diálogos descobertos na Operação. O teor das mensagens mostram que, em vez de denunciá-la, os procuradores agiram para encobrir o crime de falso testemunho. Érika, a convite de Sergio Moro, trabalhou no Ministério da Justiça até ele pedir demissão. O advogado criminalista Augusto de Arruda Botelho considera como "gravíssimo" o teor das conversas que foram reveladas. "Há uma série de possíveis crimes cometidos por todos os atores dessa conversa: fraude processual, falsidade documental, falsidade ideológica dentre outros", afirma. Apesar de apontar os acertos da operação, que "desnudou um esquema de corrupção que precisava ser desnudado", Augusto diz que a divulgação deste trecho põe mais uma vez a operação "em xeque". "É uma conversa extremamente grave, pois revela a prática de crimes e, mais do que isso, coloca mais uma vez em xeque toda uma operação policial, que agora parece estar maculada em todos os âmbitos, no policial, porque há prova de investigação sendo produzida; da acusação, do Ministério Público, que ciente disso não toma providência nenhuma, pelo contrário, faz uso dessa prova; e dentro do próprio judiciário, que de forma declaradamente parcial julgou uma série de casos de maneira suspeita".


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