Por volta dos 40 anos,
filhos gêmeos adolescentes para cuidar, um mestrado em andamento e a carreira
de professora universitária demandando sua atenção, tudo o que não sobrava para
Laura Peixoto Chaves era tempo para cuidar de si mesma. Situação comum a muitas
mulheres que conciliam o papel de mãe, esposa e profissional, ela abandonou a
própria vida. Como resultado, vieram os quilos a mais que, por sua vez,
acabaram prejudicando a saúde. Desta forma, Laura chegou aos 50 anos
pesando mais de 100 kg, com hipertensão, princípio de diabetes e infeliz com o
espelho. A mulher vaidosa, que gostava de batom e vestido, agora só usava bata
e roupa preta. Disposta a virar o jogo, ela procurou um cirurgião-plástico. “Eu
acreditava que poderia ser emagrecida. Quando cheguei lá, foi a maior surpresa.
Sentei com aquele rapaz jovem, ele olhou e disse: ‘Eu não vou te operar, não é
ético eu te operar.’ Foram quase duas horas de consulta em que ele me fez chorar,
e me fez ver que eu tinha abandonado minha vida, minha saúde.” Foi,
então, que o médico Leonardo Aguiar apresentou a Laura o projeto de cocriação
de saúde, que propõe mudanças na relação médico-paciente e estimula a pessoa a
assumir a gestão da própria saúde. A professora universitária de Blumenau saiu
do consultório naquele janeiro de 2014 já com hora marcada com uma
nutricionista e um educador físico. O médico também entrou em contato com a
esteticista de Laura – que havia dado apoio e marcado a consulta quando a amiga
entrou em desespero por causa dos indicadores de saúde. “Depois que saí
de dentro daquele consultório, chorei muito, ele sacudiu minha cabeça, me fez
ver coisas que eu não estava enxergando. Ele disse: ‘Um prato de comida é
legal, mas dura 15 minutos. Os prazeres de fazer uma atividade física são mais
duradouros. Quando a coisa começar a andar, você vai ver que o processo é muito
mais legal que o resultado’”, conta Laura.
(globo.com)