Diante do colapso do sistema de saúde por
causa da segunda onda de coronavírus em Manaus, o epidemiologista Jesem
Orellana, da Fiocruz-Amazônia, defendeu, em alerta divulgado nesta
quinta-feira, 21, o envio urgente de uma missão de observadores internacionais,
por não ser "mais possível confiar nos diferentes níveis de gestão que
estão à frente da epidemia". No comunicado, com o título "Manaus está
perdida e a covid-19 explodiu", o pesquisador também pede a decretação
imediata de lockdown para evitar mais mortes na cidade.
Ainda em dezembro, Orellana
havia previsto que, sem medidas mais restritivas, Manaus viveria um novo boom
da covid que resultaria no salto do número de óbitos. Agora, após ter os
alertas negados e ver a tragédia se confirmar, com registro até de pacientes
mortos por falta de oxigênio hospitalar, o epidemiologista diz que a condução
da crise sanitária está "entrando para a história recente das pandemias
como uma das mais dramáticas experiências sanitárias e humanitárias já
documentadas".
"Minha previsão, de que
o mês de janeiro seria o 'mês das lamentações e do luto', está mais do que
confirmada e, por mais desumano e monstruoso que pareça, em Manaus, capital
mundial da covid-19, não há qualquer sinal de 'lockdown'", escreveu.
"Isto parece ser parte de um projeto que muitos insistem em não enxergar
e, neste caso, Manaus é o laboratório a céu aberto, onde todo tipo de
negligência e barbaridade é possível, sem punição e qualquer ameaça à hegemonia
dos responsáveis."
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