29 setembro 2019

RESUMO DO ESCÂNDALO: As seis semanas que levaram Trump às portas do impeachment


Um total de 77 palavras para resumir o escândalo que colocou o país mais poderoso do mundo de ponta-cabeça: “Recebi informações de vários funcionários do Governo norte-americano de que o presidente dos Estados Unidos está usando o poder de seu cargo para pedir a interferência de um país estrangeiro nas eleições de 2020. Essa interferência inclui, entre outras coisas, a pressão sobre um Governo estrangeiro para investigar um dos mais importantes adversários políticos domésticos do presidente. O advogado pessoal do presidente, Rudolph Giuliani, é uma figura central nesse esforço. O procurador-geral Barr também parece estar envolvido”. Com brevidade, precisão e crueza, no estilo de um telegrama, começa a denúncia anônima do caso envolvendo Donald Trump e a Ucrânia, um bom reflexo da velocidade com que o escândalo pegou fogo. Um informante dos serviços de inteligência apresentou o escrito em 12 de agosto. E na noite de 23 de setembro, em um voo de Nova York a Washington, a veterana democrata Nancy Pelosi, presidenta da Câmara dos Representantes, começou a escrever à mão o rascunho do discurso com o qual anunciou o início da investigação para uma possível destituição de Donald Trump. O famoso impeachment. Com a pressa, Pelosi deixou o papel no avião. Não importa, no dia seguinte, 24, parece tê-lo aprendido muito bem. A Câmara baixa, de maioria democrata, lançou a maquinaria do impeachment. Considerou as pressões do mandatário republicano sobre o presidente ucraniano para que a justiça desse país investigasse o ex-vice-presidente Joe Biden, o pré-candidato para 2020 mais bem colocado nas pesquisas, e seu filho Hunter, por conta de seus negócios em Kiev. Como na trama russa, este caso envolve um Governo estrangeiro e a procura de roupa suja que, se existir, prejudicará irremediavelmente as chances de seu oponente democrata ser escolhido. O desenlace, no entanto, se apresenta radicalmente diferente. Para entender como em seis semanas se desencadeou uma tempestade que não aconteceu depois de quase dois anos de investigações sobre a interferência do Kremlin, é preciso voltar a uma ligação telefônica de 25 de julho e a uma reunião em Madri em 2 de agosto; ao papel de um delator anônimo que se indignou com o que estava descobrindo e a um funcionário com nome e sobrenome, Michael Atkinson, que deu um soco na mesa e foi ao Congresso. Por último, a uma mulher, Nancy Pelosi, que deu um passo à frente. A história da Ucrânia e o impeachment são um exame da saúde do sistema norte-americano, um passeio por suas cloacas e suas bondades. Explodiu em 2019, mas as origens remontam inclusive à revolução de Maidan, em 2014.
Compartilhar:

Outras postagens

0 comments:

Postar um comentário

Copyright © 2025 Blog do Monteiro | Powered by Blogger
Design by SimpleWpThemes | Blogger Theme by NewBloggerThemes.com